Em uma virada inesperada no cenário político dos Estados Unidos, a vice-presidente Kamala Harris assumiu uma liderança de dois pontos percentuais sobre o ex-presidente Donald Trump, conforme revelou uma pesquisa Reuters/Ipsos conduzida logo após o presidente Joe Biden anunciar sua saída da corrida presidencial e endossar Harris como a candidata democrata.

Parece que os americanos compreenderam a mensagem voltar atrás nunca mais proferida à exaustão pela vice Kamala Harris nas últimas horas. Em um discurso inflamado, declarou ela: “Não vamos voltar atrás”, destacando os riscos de um possível retorno de Trump à presidência.

A pesquisa, realizada na segunda e terça-feira, evidenciou a ascensão de Harris na preferência do eleitorado. Com 44% das intenções de voto contra 42% de Trump, Harris mostra um crescimento significativo em relação à pesquisa da semana anterior, onde Biden enfrentava uma desvantagem de dois pontos percentuais em relação a Trump. Esta vantagem, no entanto, está dentro da margem de erro de três pontos percentuais.

A retirada de Biden da corrida ocorreu após o término da Convenção Nacional Republicana, onde Trump aceitou formalmente a nomeação de seu partido. A saída de Biden, anunciada no domingo, abriu caminho para que Harris garantisse a nomeação democrata. A convenção republicana e a subsequente nomeação de Trump não resultaram em um aumento significativo no apoio ao ex-presidente, conforme demonstrado pela ausência de uma “bump” (alta temporária) usualmente esperada após tais eventos.

A pesquisa destacou que 56% dos eleitores registrados consideram Harris, de 59 anos, “mentalmente afiada e capaz de lidar com desafios”, enquanto apenas 49% compartilham essa opinião sobre Trump, de 78 anos. Biden, que desistiu da reeleição após um debate desfavorável contra Trump, recebeu apenas 22% de apoio nesse aspecto.

Dentro do partido democrata, 80% dos eleitores veem Biden favoravelmente, enquanto Harris conta com 91% de favorabilidade. A pesquisa também apontou que três quartos dos eleitores democratas acreditam que o partido deve se unir em torno de Harris, enquanto apenas um quarto defende uma competição aberta pela nomeação.

Embora pesquisas nacionais forneçam indicadores importantes sobre o apoio aos candidatos, é fundamental observar que um pequeno número de estados competitivos tende a decidir a eleição presidencial através do Colégio Eleitoral.

Quando incluído Robert Kennedy Jr. como candidato independente, Harris manteve uma liderança de 42% contra 38% de Trump, uma margem fora do erro estatístico. Kennedy, que ainda não se qualificou para a cédula em muitos estados, foi favorecido por 8% dos eleitores na pesquisa.

Em sua campanha no estado de Wisconsin, Harris recebeu apoio de figuras importantes do partido, e a atenção se volta agora para sua escolha de companheiro de chapa. Muitos entrevistados na pesquisa Reuters/Ipsos indicaram desconhecimento sobre os possíveis candidatos a vice. Entre eles, o secretário de Transporte Pete Buttigieg tem a maior taxa de favorabilidade com 37%, enquanto figuras como o governador da Califórnia Gavin Newsom e o senador do Arizona Mark Kelly são menos conhecidos.

A pesquisa, conduzida online, entrevistou 1.241 adultos em todo o país, incluindo 1.018 eleitores registrados. A substituição de Biden por Harris e a subsequente liderança nas pesquisas refletem a volatiblidade do cenário eleitoral americano, onde cada movimento estratégico pode alterar significativamente as preferências dos eleitores.

Os americanos irão às urnas no próximo dia 5 de novembro.

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